iPhone 5S, Galaxy S4, iPad, Galaxy Tab, iPad mini, Kobo, Nook, Kindle. Dito de outra forma, smartphones, tablets e leitores de livros electrónicos.
Estes substantivos já fazem parte do nosso dia-a-dia. Podemos não ter nenhum deles, mas com certeza já ouvimos falar. Com estes aparelhos podemos comunicar com outras pessoas, jogar, ver vídeos, tirar fotografias, gerir o nosso calendário, apontar a lista de compras e ler. Podemos ler páginas de Internet, ler o nosso correio electrónico, aceder a aplicações de jornais e ler livros e documentos. E dentro destes aparelhos podemos carregar uma biblioteca inteira.
Mas será que vamos ler todos os livros digitais dessa biblioteca?
Pergunta controversa que tem muitas respostas. Eu posso falar sobre a minha experiência pessoal. Tenho um smartphone que uso como telemóvel, para aceder à Internet, às redes sociais e a algumas aplicações de jornais, para tirar fotografias e também jogar. Também tenho um tablet que raramente uso. E também tenho um leitor de livros electrónicos no qual tenho vários livros guardados que já comecei a ler, mas ainda não terminei nenhum. E tenho também vários livros impressos, esses quase todos lidos… Por isso, para mim a resposta é bastante simples: não.
Mas o Prof. Doutor Gustavo Cardoso, que apresenta hoje o resultado de um inquérito feito em 16 países, afirma que a resposta não pode ser assim tão linear. O inquérito, resultado de um estudo sobre os livros e a leitura na era digital aponta para um conceito de leitura digital muito amplo. Estamos a falar de leitura de tudo o que é digital: páginas web, blogues, redes sociais, jornais, revistas, bases de dados como também documentos e livros e cada uma destas categorias exige um diferente tipo de leitura, pois não lemos o “feed” de notícias do Facebook da mesma maneira que lemos um livro de ficção em formato electrónico. E por isso é perigoso aplicar chavões como a morte anunciada do livro em formato papel e o triunfo do livro digital.
Como parece indicar o estudo, o que está a acontecer é o surgimento de novos leitores. Leitores que liam e continuam a ler em papel e que também lêem no digital e leitores que não liam em papel, mas que passaram a ler em formato digital e também em papel.
É provável que o paradigma impresso/digital coexista durante mais alguns anos, ou que talvez nunca acabe, e as instituições que primeiramente tiveram como objectivo divulgar o material impresso (editoras e bibliotecas, por exemplo) continuem a operar da mesma forma. No entanto, vão ter que progressivamente adaptar-se ao digital, para poder oferecer aos seus clientes versões impressas e electrónicas de livros nos seus catálogos, como já acontece com várias editoras nacionais e estrangeiras. Em relação às bibliotecas, algumas já oferecem versões electrónicas de livros nos seus catálogos e a grande maioria das bibliotecas académicas em Portugal já têm um catálogo que permite o acesso a texto integral de produção científica (teses, dissertações, revistas, etc…), como é o caso dos repositórios digitais.
Por estas razões, durante mais alguns anos podemos falar de uma certa coexistência pacífica entre o impresso e o digital, entre os leitores tradicionais e os mais tecnológicos.
Os resultados do estudo vão ser apresentados na Conferência Internacional de Educação 2013 que tem lugar na Fundação Calouste Gulbenkian.